O Cristianismo é diferente


O maior trunfo do cristianismo é a realidade. Não fazemos parte de mais uma ideia religiosa otimista que nos distrai da realidade, mas a vemos o mundo como ele é, e apresentamos a solução para a grande contradição e condição humana

Vivemos num mundo caótico, fruto do pós-modernismo, e que sofreu com a filosofia moderna. O homem tentou entender todas as coisas e encontrar um sistema, uma verdade universal, a partir de sua própria racionalidade. E ele falhou nisso. O resultado é que para conseguir viver dentro de seu desespero, ele foi obrigado a fazer um "salto de fé", se obrigar a crer em algo sem nenhuma razão, porque não consegue confiar sua razão a algo que seus olhos não podem ver. O homem moderno percebeu que, se não há uma verdade universal, também não há esperança, mas foge desse fato de todas as formas possíveis.

Paulo já sabia disso há quase dois mil anos. A ressurreição de Cristo é uma verdadeira confirmação de tudo o que ele pregou. Paulo diz em sua primeira carta aos Corintios que "se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé... e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos.".² Porque se Cristo não ressuscitou, logo toda o sistema bíblico falha. E se a verdade fosse essa, nós agiríamos de maneira simples:
"... o cristianismo não é romântico, é realista. O cristianismo é realista porque diz que se não há verdade, também não há esperança. E não pode haver verdade se não há base adequada. O cristianismo está preparado para enfrentar as consequências se for provado que não é verdadeiro e dizer com Paulo 'Se for achado o corpo de Cristo a discussão está terminada; comamos e bebamos pois amanhã morreremos'. Não deixa espaço para uma resposta romântica."¹
Outras filosofias e algumas religiões modernas tentam consertar o mundo com esforço humano, ou então são românticos e escapistas, e tentam não ver a nossa realidade decaída. Já o cristianismo "não olha para este mundo cansado e sobrecarregado e diz que tem alguns defeitos, está levemente machucado e pode ser consertado facilmente. O cristianismo é realista e diz que o mundo está tomado pelo mal e que o homem é realmente culpado do início ao fim. O cristianismo se recusa a dizer que podemos ter esperanças no futuro se basearmos nossa esperança nas mostras de melhoras da humanidade".¹

O cristianismo não vive uma dicotomia. Teólogos e filósofos contemporâneos separam a fé da razão, e não as misturam; porém precisam dos dois para viver. Então vivem ora no mundo racionalista, onde nada tem significado; e sempre que necessário pulam para uma fé vazia, onde seus conceitos morais e seus significados estão guardados. Note que não necessariamente essa fé da qual o homem moderno se utiliza é uma crença em Deus, mas um lugar onde seus conceitos que tem algum significado estão.

Para nós, cristãos, a fé não está separada da razão. Nossa fé não é escapista, mas sim a verdade e solução. O ser humano está morto, e nós sabemos que isso é resultado de sua revolta, que os separou do Deus vivo. Por isso não vivemos em contradição, nem vivemos uma dicotomia; pois sabemos em quem temos crido, e que a nossa fé é racional (embora não seja racionalista).

Numa conversa entre o pastor Francis Schaeffer e um jovem físico, houve o seguinte diálogo: "Não há problema para o cristão, que realmente sabe que ele é, dizer que o universo material pode finalmente ser reduzido a partículas de energia movendo-se em direções opostas numa vértice. Mas, e seus colegas naturalistas? O que acontece quando eles voltam para suas esposas e famílias à noite?" A resposta foi: "Ora, eles não podem fazer outra coisa senão viver numa dicotomia".¹

O ser humano se recusa a querer viver onde seu racionalismo o levou. Certa vez, Sartre foi considerado apóstata do movimento existencialista por defender uma causa política (o manifesto da Argélia) contra o que chamou de "guerra injusta e suja". Por que? Porque se o mundo é absurdo e sem significado, como diz o existencialismo, não faz sentido defender qualquer causa que não seja apenas para deixar sua marca no mundo. Conceitos como "justiça" ou "pureza", para eles, não existem. É esse o ponto onde o homem moderno se encontra hoje em dia. O que é o amor senão um sentimento e uma química, e algo mais subjetivo? O que é a fé, senão um salto para o escuro? O que é a justiça, senão algo indefinível e sem significado? Nada é absoluto para eles, nem mesmo conceitos inerentes ao ser humano.

Mas Cristo ressuscitou. Com mais de 500 testemunhas, e milhares de registros históricos. Ele morreu para nossa salvação, e ao viver nEle, não precisamos de mais nada. Ele dá sentido a nossa visão de mundo, e não precisamos viver uma vida dupla, pois todas as coisas convergem nEle. Dele e para Ele são todas as coisas.

¹ SCHAEFFER, Francia, "O Deus que Intervêm", Refúgio, 1985.
² 1 Corintios 15.14-16

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